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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A chamada "Amnésia Infantil"... lá está porquê que não me lembro daquilo...

Ás vezes ouvimos os nossos familiares falarem de algumas das nossas peripécias em bebés... "Ahh...lembras-te quando ias mexer nos vasos da tua mãe, e punhas a terra na boca, e depois ias buscar o sabonete para limpares a terra?" e nós..."Não."... Depois ficamos a pensar "como é que não me lembro dessas coisas?"


Pois é. Fica a questão: Porquê que não temos lembranças de quando éramos bebés?



É consenso entre os especialistas que os primeiros anos de vida são fundamentais na formação de cada indivíduo, mas apesar da importância que eles têm, não é possível lembrar do que vivemos antes de completar 30 meses, ou dois anos e meio de idade. Ainda que as experiências vividas na primeira infância possam resultar em traumas ou em associações afetivas que duram para o resto da vida, ninguém é capaz de identificar lembranças de quando era bebé.
De acordo com André Frazão, coordenador do laboratório de cognição do Instituto de Biociências da USP, existem diversas causas para o esquecimento dos primeiros anos. O fenómeno chamado de amnésia infantil deve-se, principalmente, às constantes mudanças estruturais que ocorrem no cérebro das crianças. Nos primeiros anos de vida, o sistema nervoso central ainda não está totalmente desenvolvido. “Nascemos com um encéfalo que tem cerca da metade do tamanho que terá no adulto, isso significa que a estrutura vai mudar, vão aparecer novas células e novas conexões neuronais”, diz Frazão.
Mas o encéfalo ainda pouco desenvolvido não significa que os conhecimentos a respeito do mundo não sejam registados, apenas que eles são arquivados de outra forma, em outro contexto e com outras referências, transformando-se numa informação à qual não podemos ter mais acesso quando adquirimos a linguagem e interpretamos o mundo com outros métodos. Mas as memórias dos primeiros meses continuam a influenciar-nos inconscientemente na vida adulta. “Por exemplo, o dia que a sua mãe lhe deu um cachorro com um ano de idade e você amou: aquele evento você não consegue identificar, mas as consequências afetivas de criar um vínculo com o cachorro são importantes nos próximos vínculos que você cria na vida”, explica o especialista.
Frazão ainda ressalta que a amnésia infantil se refere à memória declarativa, a memória que utilizamos para relatar eventos ou para “reviver” situações. Mas aprendizagens como andar e falar são outro tipo de memória, que não se perde com a idade. E mesmo eventos não identificáveis pontualmente transformam a criança, já que “a construção da vida é uma linha”, na qual os primeiros acontecimentos têm relação com os posteriores, diz o pesquisador.

Está explicado.

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